domingo, setembro 17, 2006

Rastros sobre o dossiê Vedoin

O jornalista Marcelo Soares me autoriza e faço uma reprodução de um post dele (retirado de http://deunojornal.zip.net) e que apresenta várias informações intrigantes sobre o caso do dossiê Vedoin:
Valdebran Carlos Padilha da Silva, preso sob a acusação de tentar comprar o dossiê de Vedoin com imagens de José Serra em entregas de ambulâncias, não é novo no noticiário arquivado no Deu no Jornal. Já se mencionou sobre a tentativa dele, em 2005, de obter o cargo de diretor financeiro da Eletronorte. Vamos a outros rastros.
1) Ele já era investigado em Cuiabá pela acusação de uso de caixa-dois na campanha de 2004 pela prefeitura da cidade. Seu candidato, o petista Alexandre César, não foi eleito. Um economista cobra na Justiça dívida de R$ 501 mil, não declarada na campanha, por serviços de assessoria de marketing. Uma gráfica local também cobra dívidas não declaradas na prestação de contas da campanha. O próprio tesoureiro declaradamente doou apenas R$ 600 para sua campanha. Já sua empresa, a Saneng Engenharia, foi mais generosa com o candidato: doou declaradamente R$ 50 mil.
2) Mais recentemente, no final de agosto, seu nome foi envolvido na imprensa matogrossense em um esquema de liberação de verbas da Funasa para prefeituras administradas pelo PMDB. Valdebran teria tido influência na indicação do coordenador da Funasa no MT, ao lado do senador Carlos Bezerra (PMDB) - o mesmo que teria indicado Maria da Penha Lino para trabalhar no Ministério da Saúde. Ou seja, não seria apenas com o PT que ele teria ligação - mas isso já está dito de certa forma no noticiário a respeito do caso.
3) Valdebran também não caiu de pára-quedas no esquema dos Sanguessugas. Em julho, seu nome foi mencionado em depoimento de Ronildo Medeiros, ligado ao esquema da Planam, à Justiça Federal:
"QUE com relação ao ex-Senador Carlos Bezerra, o reinterrogando nunca teve nenhum contato pessoal com o mesmo; QUE nunca executou nenhuma emenda do parlamentar; QUE apenas sabe que o acusado Luis Antônio teria antecipado ao parlamentar cerca de R$ 200.000,00, como recursos para a campanha de 2002 da deputada Teté Bezerra, mediante a contrapartida de serem apresentadas emendas na área da saúde, para a aquisição de unidades móveis; QUE o reinterrogando não sabe dizer se as emendas foram apresentadas e executadas; QUE nessa mesma oportunidade, o Senador também prometeu facilidades dentro da Fundação Nacional de Saúde, em Mato Grosso, através de Valdebran, da empresa Saneng, o qual teria, por sua vez, indicado Evandro, Superintendente Regional da Saúde, em Mato Grosso"
O depoimento também liga a Associação Mato-Grossense dos Municípios, da qual Valdebran foi coordenador, ao esquema:
"QUE sobre essa licitação, o reinterrogando pagou cerca de 20% sobre o valor dos equipamentos, sendo que entregou para Cleber e ao filho do deputado, um cheque no valor de R$ 36.000,00, emitido pela empresa Oxitec, e mais R$ 24.000,00 em espécie, os quais foram entregues para José Wagner dos Santos, na sede da Associação Mato-Grossense dos Municípios-AMM, na sala do presidente, na presença do prefeito de Juara, Oscar; QUE o dinheiro estava destinado tanto para Wagner quanto ao prefeito;"
4) Valdebran também foi coordenador técnico da Associação Matogrossense dos Municípios. Segundo documento de 2004, disponível na internet, tal coordenadoria "presta assessoria e consultoria técnica aos municípios nas áreas de planejamento, projetos de engenharia e projetos técnicos para captação de recursos, entre outros." Isso significaria negociar emendas ao Orçamento? Parece, não? Aliás, o que a Associação Mato-Grossense de Municípios poderia ter a ver com o esquema dos Sanguessugas? Valdebran foi coordenador técnico lá. Noriaque de Magalhães, apontado como assessor da Planam, marido de Maria da Penha Lino e preso pela Operação Sanguessuga em maio, trabalhava lá. Wagner dos Santos, também da associação, seria o responsável pela negociação com os municípios beneficiados pelas emendas. Dinheiro seria pago na sala do presidente. Não cheira a pauta?

A Sanguessuga é um quebra-cabeças. As peças estão soltas. Falta juntar melhor.

Escrito por Fernando Rodrigues às 21h47